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“Love can’t cure mental illness”

Mais um episódio PODEROSÍSSIMO de “Heartstopper”, conforme adentramos a questão do distúrbio alimentar de Charlie Spring, que é um dos destaques no Volume 4 das comics e na novela “Este Inverno”. Nick Nelson acabou de sair para uma viagem de três semanas, e enquanto ele não consegue curtir as férias porque está preocupado com Charlie, Charlie está pensando sobre o que Nick falara quando eles estavam no mar, no episódio anterior: e começa a entender que talvez ele tenha razão, no fim das contas. É um episódio responsável e muito mais doloroso do que a estreia, mas eu acho que “Heartstopper” se sai muito bem ao tratar de assuntos tão sérios quanto o distúrbio alimentar de Charlie, e o episódio rende várias cenas marcantes.

Dentre elas, a conversa de Nick com a tia.

Quando Nick sai para a sua viagem, Charlie fica cabisbaixo e, talvez sem perceber, vai se isolando cada vez mais… para piorar tudo, ele ainda tem a saudade que sente de Nick e a mãe pegando no seu pé constantemente. Destaco os momentos de “imaginação” de Charlie e de Nick, e como eles refletem bem o que é “Heartstopper” nesse momento. Vemos Charlie olhar para o espaço vazio ao seu lado no sofá, por exemplo, e imaginar que ele e o Nick estão ali se beijando, enquanto eles dizem “Eu te amo”, que foi algo que eles aprenderam a dizer no episódio anterior e agora querem dizer o tempo todo… Nick, por sua vez, imagina o Charlie com ele na viagem, conhecendo essa parte da sua família, mas tudo escurece quando o Charlie da sua imaginação se aproxima da mesa de comida.

Nick até chega a perguntar para a tia, que é psiquiatra, se ela já tratou pessoas com distúrbios alimentares, mas inicialmente não quer conversar sobre isso… Charlie, por sua vez, fica cada vez mais sozinho, mais silencioso, deixa de responder as mensagens no grupo, e muitas pessoas nem notam a sua “ausência”. Tao e Elle estão focados demais em seu romance e em seu futuro para perceber que há algo errado, e Isaac parece ser a única pessoa do grupo de amigos de Charlie que percebe e que se preocupa. Acho bonitinho o Isaac indo até a casa de Charlie para conversar com ele e para perguntar se está acontecendo alguma coisa – mesmo que o Charlie prometa que “não é nada”, ainda assim é bom ele ter uma companhia nesse momento.

Tori, por sua vez, é FANTÁSTICA. Tori sempre foi fantástica – em “Um Ano Solitário”, nos quadrinhos de “Heartstopper” e na série. Em uma das melhores cenas do episódio, ela entra no quarto de Charlie, anda até ele, diz que está preocupada e então o abraça. É algo que ela faria com poucas pessoas, mas ela ama seu irmão imensamente, mais do que qualquer outra pessoa nesse mundo… e ela diz isso. Quando o abraça, ela diz que o ama, e aquilo é LINDO, porque sabemos o quanto o sentimento é sincero. Mais tarde, quando ela entra no quarto de Charlie para chamá-lo para jantar e ela fecha depressa a tela do computador, ela não resiste e verifica o que ele estava pesquisando… e vê a página sobre “anorexia nervosa” aberta no computador.

Então, ela envia uma mensagem a Nick e diz que está preocupada com Charlie.

A ligação entre Charlie e Nick é UMA DAS CENAS MAIS BONITAS, TRISTES E FORTES desse episódio. Quando vê a mensagem de Tori, Nick liga para Charlie imediatamente, e novamente Joe Locke e Kit Connor ARRASAM na atuação, que sempre consegue captar e transmitir o que os personagens estão sentindo… há muita dor e preocupação na atuação de ambos! Nick sente que precisava fazer algo e queria poder fazer mais por Charlie; Charlie, por sua vez, se sente sozinho, inseguro e com medo. Chorando, ele reúne coragem para dizer ao telefone que acha que o Nick tem razão e ele tem mesmo um distúrbio alimentar… e, ao dizer isso, ele pede desculpas, e eu acho o pedido de desculpas um detalhe importantíssimo da construção dessa cena…

Porque, na verdade, Charlie não tem motivo para se desculpar, mas ele acha que tem. Nick, do outro lado do telefone, fala sobre como ele precisa falar com alguém, mas Charlie responde de imediato dizendo que a mãe dele não é como a mãe do Nick, e ele não pode conversar com ela, porque ela não escuta… tudo o que ela faz é ficar brava – e, como se para confirmar o que o Charlie acabara de dizer, quando ela aparece para saber por que ele deixou a mesa durante a refeição e ele diz que não está se sentindo bem, ela diz que “vai dar um paracetamol” para ele, quando o problema é muito maior do que isso. Acho, também, doloroso o Nick percebendo que Charlie não pretende falar com ninguém sobre isso e então dizendo que “não sabe o que fazer”.

A conversa que o Nick tem com a tia na praia acontece, nos quadrinhos, com a mãe – e ainda que a personagem em cena tenha que ter sido adaptada, tudo o mais no diálogo não o é, e segue exatamente como nos quadrinhos, como esperávamos… acho que é uma das cenas mais importantes de “Heartstopper”. Ali, Nick coloca para fora todos seus medos (“I really love him. And I’m scared”), suas angústias e a sua sensação de responsabilidade, e a tia diz que é coisa demais para se colocar nas costas de um adolescente de 16 anos… Charlie precisa de ajuda, e não só de Nick: às vezes, as pessoas precisam de mais ajuda do que apenas uma pessoa pode dar. Além disso, o amor não pode curar uma doença mental, e eu acho TÃO IMPORTANTE QUE ISSO SEJA DITO!

Como já comentei quando comentei o Volume 4 dos quadrinhos de “Heartstopper”, eu acho isso de uma responsabilidade imensa! Muitas vezes, obras de ficção agem como se o amor romântico pudesse curar qualquer coisa, e não é assim na vida real… Charlie tem, sim, um NAMORADO PERFEITO, mas não é isso que vai curá-lo: ele precisa de ajuda profissional e de apoio. É na parte do apoio que o Nick entra. Quando ele pergunta à tia se não há nada que ele possa fazer, ela fala sobre como há, sim. Nick vai estar ali para aconselhar, para fazer companhia nos dias difíceis, para mostrar o seu amor… há muito que o Nick pode fazer por Charlie, mas ele não pode fazer tudo. E eu acho que os adolescentes precisam que alguém lhes diga isso.

Por fim, comento brevemente sobre outros casais. Elle e Tao, por exemplo, estão enfrentando a partida iminente de Elle para outra escola, e Tao quer fazer algo diferente todas as noites, em uma tentativa de “entregar o verão perfeito” e “ser o namorado perfeito” para que Elle não queira abandoná-lo, o que acaba ficando cansativo, às vezes, porque Tao não devia estar fazendo tudo isso, mas eles eventualmente têm uma conversa madura a esse respeito. Darcy, por sua vez, está prestes a se mudar para a casa da avó, como Tara sugeriu que ela fizesse no episódio anterior. E também temos o Sr. Farouk e o Sr. Ajayi, compartilhando uma cena das mais fofas e com um quê de adolescente que, querendo ou não, acompanha esse começo de relacionamento…

Eu os acho um máximo! Assistiria um spin-off curtinho dos dois!

 

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