Glee 2x03 – Grilled Cheesus
“What if
God was one of us?”
Exibido
originalmente em 05 de outubro de 2010, “Grilled
Cheesus” é o terceiro episódio da segunda temporada de “Glee”, e novamente traz Kurt Hummel me
levando às lágrimas. QUE EPISÓDIO PODEROSO! Enquanto Finn está às voltas com um
queijo quente no qual ele vê a imagem de Jesus (!), fazendo os pedidos mais
absurdos possíveis, Kurt está lidando com um problema de verdade quando o seu pai tem um infarto e acaba no hospital, em
coma. Esse é um daqueles episódios com uma carga dramática pesadíssima, até
porque a relação de Kurt com o pai sempre
rendeu alguns dos melhores momentos de “Glee”,
e a trilha sonora é brilhantemente escolhida para conversar com o tema do episódio – que é bem diferente dos dois
episódios anteriores.
Me divirto
um pouco com a história toda do Finn e o “Queijesus Quente”, e eu acho que o
Finn é uma boa representação do adolescente idiota com os hormônios gritando,
mas ele não é um dos meus personagens favoritos de “Glee”… fica bem longe, na verdade. Acho que me incomoda ver o
tamanho egoísmo de seus pedidos (e de muitas de suas atitudes em outras
ocasiões) sem que as pessoas chamem a atenção para isso, enquanto o egoísmo de
Rachel é sempre trazido à tona – mas por que o dele não? Tudo bem, o primeiro
pedido de Finn ao Queijesus Quente é antes de explodir toda a história do Burt
no hospital, mas o pedido para tocar os seios da Rachel e para voltar a ser quarterback não são. De todo modo, ele
aprende uma lição e entrega uma das minhas músicas favoritas dele…
“Losing My Religion”.
É bem
curiosa a questão musical do episódio, falando nisso… quando Finn traz à tona a
temática religiosa, o Mr. Schue “adapta” a sua proposta permitindo que os alunos
cantem sobre espiritualidade, de um
modo geral, o que é algo bacana, mas é algo que Sue Sylvester pretende usar
contra ele, alegando que existe a separação entre o Estado e a Igreja e tudo o
mais – seria ideal se essa separação de fato existisse como a lei prega, por
sinal. Inclusive, quando eles são “proibidos” de cantar sobre Jesus ou sobre
religião – depois de Puck já ter entregado a ótima “Only the Good Die Young” –, alguém faz um comentário sensacional
sobre como na semana anterior eles “eram sexy demais” e agora eles “são
religiosos demais”. Eu amo esse tipo de piada do roteiro!
Com toda a
situação de Burt em coma no hospital, Kurt está sofrendo mais do que ninguém… e
ele não sabe bem como expressar isso,
o que é a maior temática do episódio. Antes do pai passar mal, eles têm uma
pequena discussão porque o Burt quer que ele jante com ele, o Finn e a mãe do
Finn na sexta, como é “uma tradição da família”, mas Kurt está desviando por
causa de outras coisas que ele quer fazer e que ele julga mais importante… a
última conversa de Kurt com o pai antes de vê-lo no hospital é com ele
contrariando o pai, recusando o seu convite e o Burt dizendo que “está muito
decepcionado com ele”. Isso acentua a dor que ele sente ao ver o pai naquela
cama de hospital, e ele teme perdê-lo… até porque, muitos anos antes, ele já
perdera a sua mãe…
O pessoal do
glee club, sem saber o que fazer, mas
sentindo a dor de Kurt e querendo dizer algo a ele, tentam se expressar através
da música… Mercedes canta “I Look to
You”, por exemplo, mas Kurt conta para todo mundo que ele não acredita em Deus – e, portanto, não quer suas orações. A
trama é muito forte e embora eu, particularmente, acredite em Deus, eu entendo
perfeitamente o sentimento de Kurt… aquela fala dele sobre como Deus o fez gay
e, agora, os seus “seguidores” o atormentam diariamente e tornam sua vida um
inferno como se ele tivesse escolhido
ser gay é fortíssima e profundamente verdadeira. Não acho nem que seja realmente que ele não acredita em Deus…
é toda uma questão de rancor, de tristeza, de sofrimento e, agora, de medo.
O pai é tudo o que ele tem na vida.
Ganhamos
números musicais como “Papa, Can You
Hear Me?”, por Rachel Berry, que eu acho bastante exagerado, na verdade, e “Bridge Over Troubled Water”, da Mercedes na igreja à qual ela
eventualmente convence Kurt a ir com ela, mas nenhum número musical é tão
bonito e tão impactante quanto “I Want
to Hold Your Hand”. Aqui, Kurt usa uma música dos Beatles para falar sobre
a sua relação com o pai, e a maneira como o episódio usa a canção e a cena para
reforçar essa relação é inteligentíssima… além da história que o Kurt conta no glee club sobre como o pai segurou a sua
mão depois da morte da mãe, a música ainda traz flashbacks de Kurt com o pai quando ele era criança, e nós
lembramos como o Burt é um pai
maravilhoso. É lindo de se ver.
Torcemos por
Burt durante todo o episódio. Acompanhamos Kurt em sua dor, em seu sofrimento,
e sentimos a mesma angústia dos demais membros do glee club, que queriam poder fazer alguma coisa e não há nada mais
do que rezar e esperar que eles possam fazer. E quando Kurt conversa com o pai,
em uma espécie de resposta a “I Want to Hold Your Hand”, finalmente
o Burt dá algum sinal de vida – e então respiramos aliviados pela primeira vez,
porque ele vai começar a se recuperar. A força e a sinceridade de Kurt
segurando a mão do pai e dizendo que ele não acredita em Deus, mas ele acredita
nele e nos dois é de tirar o fôlego: aquela é a “coisa sagrada” sem a qual é
tão difícil viver, como a Mercedes estava dizendo… aquilo é algo em que ele
acredita.
O episódio
termina com “One of Us”, uma música
LINDÍSSIMA, e que quase está ali no episódio mais para a Sue do que para o
Kurt. Sue não teve tantas cenas no
episódio, mas todas as suas cenas foram marcantes. A cena dela com Emma dizendo
que não acredita em Deus, assim como
o Kurt, e explicando o porquê de não
acreditar é fortíssima; assim como a cena em que ela vai visitar a irmã e
conversa com ela sobre Deus. É curioso que Sue não acredite em Deus porque sua
irmã sempre foi seu maior ídolo e a pessoa mais perfeita que ela conhecia, mas
ela viu outras pessoas caçoarem dela, enquanto a própria irmã acredita… Sue deixando que ela reze por ela é lindo.
Assim como a emoção estampada em seu rosto enquanto o New Directions canta “One of Us”.
Há tanto
naquele “Não” dela quando o Will
pergunta se ela vai denunciá-lo por aquela música.
QUE
EPISÓDIO!
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