Margarita (2024) – Os Cardos

 

“Amo los cardos. Me recuerdan que todos podemos ser bellos en nuestra imperfección”

 

Talvez o capítulo mais sentimental até aqui? “Os Cardos” é o quarto capítulo de “Margarita” e eu acho que só há uma coisa que poderia tê-lo deixado mais emocionante: se a interpretação de “Por Qué” tivesse sido aqui… mas entre os jovens bolsistas da Hangar Soho começando os seus trabalhos, Margarita se esgueirando pela antiga mansão dos Fritzenwalden, escutando conversas que não lhe correspondem e o triângulo amoroso complicado de Margarita, Merlín e Daisy, também ganhamos momentos como a Margarita conversando com Ada sobre Flor, “a Rainha de Krikoragán”, ou com Daisy, ao som de uma versão instrumental de “Mi Vestido Azul” – e são duas cenas profundamente emocionantes, repletas de significado, que nos mostram o belo trabalho dessa produção!

Daisy é quem resgata Margarita do quarto de Delfina depois de ela quase ser descoberta, mas algo que ela escutara entre Delfina e Malala fica dentro de sua cabeça, porque ela não gostou da maneira como elas falaram de uma tal “Cardo”. Quando ela traz o assunto à tona na cozinha, Ada explica que “Cardo” é como Malala chamava Flor, e então tudo vai se enchendo de significado da maneira mais bonita possível… eu amo que cardos sejam as flores favoritas de Margarita, porque meio que estabelecem essa relação entre Margarita e a mãe, mesmo sem que ela saiba, e talvez ela passe a gostar ainda mais quando ela escuta Ada falar com tanto carinho sobre a Rainha de Krikoragán, associada ao cardo, que era uma pessoa doce e amorosa que ela amava…

Já a cena com Daisy acontece no quarto da garota que Delfina criara como sua sobrinha, e é um delicioso aceno a todos os fãs de “Floricienta”, tanto pelas menções à Flor, a foto de Máximo e, é claro, o instrumental de “Mi Vestido Azul” tocando em uma caixinha de música que Daisy supostamente ganhou da mãe – e aquilo é de arrepiar! Margarita está mais perto de sua história do que jamais imaginou, e dá para notar como isso a afeta mais do que afeta a Daisy, de alguma maneira… porque tem algo dentro dela a chamando. E embora ela ainda não saiba que é a verdadeira Princesa Margarita, Delfina está bastante desconfiada, e Malala resolve “tirar a dúvida”, a interceptando no parque com uma história qualquer para conseguir uma foto e um tufo de cabelo…

Não que o DNA seja conclusivo, no fim das contas.

E falando em Daisy, também tem toda aquela história do triângulo amoroso, né? Não sou necessariamente um fã de triângulos amorosos, mas preciso dizer que isso é bem novelesco e é a cara da Cris Morena! E o problema é que Merlín está mandando sinais confusos… afinal de contas, ele está tentando se aproximar de Daisy porque acredita que ela é a Princesa de Krikoragán e quer “devolver” a ela o trono que seu pai usurpara do pai dela, mas essa aproximação está fazendo com que ela acredite que ele está apaixonado por ela, e ela já está caidinha… e ainda que a amizade com Daisy seja recente, Margarita vai querer respeitar essa amizade – não só por tudo que Daisy tem feito por ela, mas porque essa é a índole de Margarita mesmo.

Fica um pouquinho mais difícil, é verdade, quando Merlín prepara uma surpresa para Margarita na cozinha da Mansão Fritzenwalden, com flores amarelas e cardos, que ele já descobrira que ela gosta… há algo de sedutor em Merlín, e algo de muito direto mesmo, e os dois vão se aproximando enquanto se olham, sorriem, falam francês e quase se beijam, mas então Margarita se afasta depressa dizendo que não pode fazer isso, porque “seria uma grande traição”. Como ela não pode contar a Merlín que Daisy está apaixonada por ele, então, Margarita inventa que tem namorado, e uma ligação de Pipe é a desculpa perfeita para “comprovar” a sua história – dei risadas com ela repetindo “namorado” mil vezes no telefone, mas Pipe não ficou feliz em “ser usado”.

Até porque ele claramente gosta de Margarita.

Enquanto Margarita observa de longe ao primeiro desafio proposto aos bolsistas e deseja estar entre eles – “Você quer que eu mande colocar a cozinha do lado de lá?” –, eles são divididos em dois grupos para expressar sua criatividade e preparar uma apresentação sobre bullying… e eu gosto de como o roteiro usa isso. Afinal de contas, tudo começa já na separação dos grupos, com Rey tentando escolher aqueles que considera “os melhores” para o seu grupo. Margarita observa e faz uma leitura comparando-os com flores, sobre como é fácil escolher e amar flores como rosas em um jardim… mais difícil é amar os cardos, tão bonitos quanto, e é assim que ela “batiza” o grupo de excluídos ao qual se juntam Merlín e Daisy eventualmente, porque Yamila diz que não gostou da divisão inicial

Assim, os “Cardos” saem em uma reunião para um lado, enquanto os “Narcisos” saem para outra reunião de outro… e são reuniões absurdamente diferentes, que resultam em propostas igualmente distintas. Os Cardos têm dificuldade em se entender e em entrar em um acordo, mas eles estão mirando na mensagem correta, e eles conseguem respeitar uns aos outros; os Narcisos, por sua vez, estão confiantes demais, apostando no improviso porque “é assim que eles fazem”, e têm uma mensagem toda equivocada, o que não me surpreende, liderados pelo Rey, que vem se demonstrando um grande babaca. Passei bastante nervoso com a maneira como Rey tratou o Romeo, um garoto com TEA, durante todo o episódio – aquela cena do quarto é sufocante.

Tudo isso se reflete nas apresentações… Salo tem uma leitura maravilhosa sobre a apresentação dos Narcisos, sobre como eles direcionaram sua mensagem apenas às vítimas, dizendo que elas precisam “ser fortes”, sem se dar conta de que o verdadeiro problema são os bullies, que precisam entender que as suas atitudes são erradas. Não dava para esperar diferente deles, sendo eles os próprios bullies. Os Cardos, por sua vez, têm uma ideia boa que é complementada por umas dicas que Margarita dá a Daisy, e então eles fazem a sua apresentação com diferentes flores, todas elas únicas e belas à sua maneira. Algo razoavelmente simples, é verdade, mas que tem mais força do que a mensagem dos Narcisos. E eu gosto de ver os Cardos no centro, e como isso afeta Delfina…

Margarita nem sabia o quanto afetaria.

É DE TIRAR O FÔLEGO!

 

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Comentários

  1. Parando pra pensar, o raciocínio do Merlín é meio doido né?

    Beleza que ele considera injusto o que o pai dele fez e deseja reparar, mas será que não havia outro meio de reparação sem ser tentar conquistar e se casar com a princesa Margarita (no caso, a Daisy "te quero num potinho 💕") sem amá-la de verdade?

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    1. O plano do Merlín não faz sentido nenhum (fora que ele quer mentir para a Daisy, mas não quer "soltar" a Margarita, algo sobre o que eu vou reclamar bastante nos próximos textos). Mas assim, falemos exclusivamente do plano dele: o fato de ele se casar com Daisy para torná-la "Rainha de Krikoragán" não "corrige" muito o que o pai fez, né, porque para ela ser Rainha, no plano dele, depende de ele ser Rei, como herdeiro de Pío Pietro, el Sanguinario.

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    2. E do pai dele ñ ser mais o rei... Mas ainda tem o tio Erasmus 😬

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    3. Não faz sentido, é só pra aliviar a consciência dele achando que ele tá fazendo alguma coisa hahahaha

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