Twisters (2024)
“You don’t
face your fears, you ride ‘em”
Sinto que a
década de 1990 e o começo dos anos 2000 nos entregaram alguns filmes de desastres que foram exibidos várias e
várias vezes na televisão e se tornaram parte do imaginário popular – filmes
como “Armageddon”, de 1998, no qual o
planeta tem que lidar com um asteroide que ameaça a vida na Terra, e “O Dia Depois de Amanhã”, de 2004, em
que a humanidade enfrenta uma nova era do
gelo. É nessa categoria que entra “Twister”,
filme de 1996 que apresentou muita gente ao desastroso e estranhamente fascinante conceito de TORNADOS. O filme
de 2024, “Twisters”, funciona como
uma sequência independente do filme original de 1996, e acompanha uma série de
tornados que estão devastando a região de Oklahoma.
Dirigido por
Lee Isaac Chung e protagonizado por Daisy Edgar-Jones, Glen Powell e Anthony
Ramos, “Twisters” se sai
incrivelmente bem. Eu estava ansiosíssimo para assistir a esse filme, mas
talvez eu não soubesse que eu ia gostar tanto
quanto eu gostei! Com uma boa condução do roteiro, personagens interessantes de
se acompanhar e um visual incrível que traduz muito bem o paradoxo dos
tornados, “Twisters” é de tirar o
fôlego! Gosto de como o filme explora tanto o poder devastador e destruidor dos
tornados quanto o fascínio que ele gera sobre pessoas como a Kate e o Tyler. A
dicotomia entre Kate fotografando e dizendo como aquilo é lindo e ela correndo para ajudar a cidade pequena pela qual o maior
tornado do filme está prestes a passar…
SENSACIONAL!
Kate Carter
é uma mulher que perdera o namorado e dois melhores amigos há cinco anos,
enquanto “caçavam tornados”. Toda a sequência de abertura do filme é a construção
perfeita do tom de “Twisters”, e é
construída para nos deixar vidrados e apreensivos. Naquela época, Kate tinha um
estudo que ela esperava poder acabar com um tornado antes de ele chegar às
cidades e gerar toda a destruição de um, mas ela e os amigos esperavam se
deparar com um tornado F1, talvez quem sabe até dessem conta de um F2, mas
enfrentam um F5 contra o qual não têm a
menor chance… depois desse evento traumático, Kate se dedicou a estudar
meteorologia e seguiu trabalhando com tornados, mas sem ir a campo para tentar
“enfrentar” um.
Agora, ela é
convidada a retornar, porque talvez Javi tenha o dinheiro e a tecnologia de que
eles precisavam há cinco anos para colocar
a ideia de Kate em prática… e a dinâmica do filme explora dois grupos muito
diferentes entre si enfrentando esse espetáculo devastador da natureza: de um
lado, Javi com todo o apoio da Storm PAR; de outro, Tyler Owens, um “Caubói de
Tornado” que é famoso no YouTube. E Kate está prestes a descobrir que nem
sempre as coisas são como parecem… nem Javi nem Tyler são as pessoas que ela
esperava: Javi parece ter se vendido
e apoia toda uma iniciativa que está lucrando com a destruição causada pela
passagem de um tornado; Tyler, por sua vez, não é a pessoa arrogante e
irresponsável que Kate imagina que ele é inicialmente.
O filme
funciona bem na dinâmica de Kate com Tyler – há algo muito interessante na
maneira como eles são mais parecidos do
que eles imaginam e, quando não são, eles se completam. Ao passo que se
afasta de Javi porque eles não parecem estar na mesma página em relação ao que
eles querem indo atrás dos tornados, Kate se aproxima de Tyler e constrói, com
ele, uma afinidade bacana. E eu gosto muito de como “Twisters” constrói a história de Kate e Tyler a partir de
provocações e competições, e de como isso é a faísca que gera uma curiosidade e
um interesse mútuo, que eventualmente se transformam em respeito. Como eu disse: excelente condução do roteiro! A dupla que
Kate e Tyler formam e como eles unem os conhecimentos de ambos…
Gosto demais
das cenas de Kate e Tyler na fazenda em que Kate crescera – a mãe de Kate rende
algumas das cenas mais divertidas do
filme! –, e de como Tyler ajuda Kate a superar o seu trauma e “enfrentar os
seus medos”, resolvendo tentar mais uma vez “domar” um tornado como ela
planejava fazer há 5 anos… e, no fim das contas, é a ideia original de Kate
mais alguns toques adicionais de Tyler que funcionam, porque a primeira
tentativa nesse retorno ainda não gera resultado, mas permite que eles entendam o que é que está dando errado…
ou o que é que está faltando. Kate é
uma personagem curiosíssima, e eu acho que ela representa muito bem essa pessoa
que é atraída por algo grandioso, ainda que a assuste, e pela vontade de fazer a diferença.
O grande
clímax de “Twisters” acontece quando
o maior tornado visto durante o filme se aproxima de uma cidadezinha, e os
protagonistas tentam heroicamente salvar as pessoas daquele lugar… há algo de
grandioso e desesperador, como há em todo bom filme de desastres naturais, na
sequência em que as pessoas são colocadas dentro de um cinema durante uma
exibição de “Frankenstein” e,
eventualmente, a parede e a tela do cinema são arrancadas pelo tornado e as
pessoas começam a ser sugadas. Então, Kate resolve tentar colocar o plano dela em prática, ainda que isso possa lhe
custar a vida: é a única chance que as pessoas naquele cinema têm de
sobreviver. Que grande cena cinematográfica a de Kate no meio do tornado, o
“domando” enfim.
É um
FILMAÇO. Eu não diria que é um grande filme que vai revolucionar a indústria,
nem que seja um drama tão marcante quanto um “O Impossível”, por exemplo, mas é um filme que funciona à
perfeição dentro de sua proposta e gera um bom entretenimento. Reforço que os
visuais estão incríveis e transmitem bem o poder paradoxal dos tornados, os
personagens são bons e interagem bem entre si, e também temos uma pitada de
romance que, embora não seja o centro do filme, entrega bons momentos. É mais
um daqueles filmes de Hollywood que surfam na força de grandes nomes do passado
e, de uma maneira ou de outra, apelam para a nostalgia? Sim. Ainda assim,
entrega uma história competente que deve agradar à audiência que gosta de
filmes de desastres naturais…
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