Dashing in December (2020)

Romance gay e Natal!

Eu sou aquela pessoa que adora uma boa comédia romântica em clima natalino… lançado em 2020 como um filme para a TV, “Dashing in December” é uma obra protagonizada por dois homens gays, tanto os personagens quanto os atores, que tem mais o intuito de aquecer o nosso coração do que qualquer outra coisa. Não é uma grande obra LGBTQIA+ que vai tratar de temas mais sérios da comunidade, tampouco é diferente de tantas outras comédias românticas natalinas que recebemos todo ano, mas talvez isso, por si só, seja uma vitória, já que essas comédias normalmente são protagonizadas por casais héteros, e aqui temos dois homens que se apaixonam em um filme de Natal, no meio de um cenário bonito, um clima gostoso e músicas natalinas.

Peter Porte interpreta Wyatt Burwall, um homem de negócios aparentemente frio que retorna para o rancho da família para a época natalina depois de cinco anos de ausência; Juan Pablo Di Pace, por sua vez, interpreta Heath Ramos, alguém que está trabalhando e ajudando a manter a fazenda funcionando há uns três anos, desde que o homem que trabalhava ali até então se aposentara. O filme tem aquela coisa de eles não se gostarem quando se conhecem, até que eles vão lentamente se aproximando, descobrindo a ver além de uma primeira impressão que talvez esteja equivocada… talvez Heath esteja mesmo fazendo bem à fazenda e à mãe de Wyatt, e talvez o Wyatt não seja uma pessoa tão fria e sem sentimentos quanto ele parece, no fim das contas.

Eu gosto da transição no tratamento deles. Depois de alguns desentendimentos pontuais, as coisas mudam quando Wyatt encontra Heath na cozinha de sua mãe, o assusta sem querer e faz com que ele se queime com a água que estava esquentando para um chá – enquanto Wyatt o ajuda a cuidar do machucado, eles conversam de verdade pela primeira vez, e é só então que Heath descobre que Wyatt também é gay… talvez porque ele não estava prestando atenção suficientemente até então. Eles trocam alguns olhares naquele momento, muitos outros depois, e existe, ali, a abertura para que eles comecem a pelo menos aceitar a companhia um do outro, então eles saem para cavalgar (!), por exemplo, e começam a se conhecer melhor, pouco a pouco.

A conexão crescente parece se materializar em diálogos nos quais eles se abrem mutualmente. Wyatt pergunta sobre antigos namorados de Heath, por exemplo, e Heath compartilha com ele a experiência que tivera com um quase namorado na faculdade, mas era alguém que ainda não tinha se assumido, e então quando ele fez uma surpresa para ele no Natal e os colegas de faculdade começaram a atacá-los, ele simplesmente fingiu que não conhecia o Heath; Wyatt, por sua vez, compartilha a história de como ele se assumiu publicamente no seu baile de formatura, e ele fala, quando é convidado para dançar em uma festa na cidade para a qual Blake os leva, que ele nunca dançou com um homem antes… esses são os momentos em que vivências LGBTQIA+ dão as caras.

E isso enriquece o filme.

Inclusive, é a partir dessas conversas e dessas informações que ganhamos a minha cena favorita do filme, que é quando Heath prepara um novo “baile de formatura” para o Wyatt. Na festa da cidade, os dois acabam não compartilhando uma dança… embora compartilhem olhares que dizem muita, muita coisa! Quando aprende a enxergar Wyatt além de sua fachada mais fria, Heath tem um gesto lindíssimo ao preparar para ele uma surpresa – a chance de ele dançar em seu baile de formatura com outro homem. Eu amo a dança lenta, eu amo o movimento das mãos, os beijos delicados e provocantes no pescoço e de como isso demonstra intimidade e os conduz até o seu primeiro beijo. Há delicadeza, sensibilidade e, talvez, intensidade na construção disso.

É bonito de se assistir!

Ambos compartilham, também, uma conexão com a fazenda em si, que é em torno do que o filme gira, além do romance de Wyatt e Heath. O motivo pelo qual Wyatt passou tanto tempo sem voltar para casa, nem mesmo no período natalino, é porque tudo ali faz com que ele pense no pai, e ele ainda sente demais a sua falta… esse foi o motivo pelo qual ele parara de acompanhar os passeios de trenó depois da morte do pai, já que isso era algo que eles faziam juntos. Heath, por sua vez, tem cuidado da fazenda e comandado os tradicionais passeios de trenó há uns três anos porque o lugar foi o que ajudou a mãe a melhorar depois que o pai os abandonara, e todo ano eles iam ali fazer o passeio. Agora, Wyatt pretende acabar com os “negócios” e vender a fazenda da família.

O grande problema, que é aquele momento em comédias românticas no qual tudo dá terrivelmente errado, vem quando Wyatt fala sobre Heath se mudar para Nova York com ele, e essa parece ser a prova de que ele não entende Heath, nem o que aquilo tudo significa para ele… que aquele é o seu lar, e talvez já fosse muito antes de ele se mudar para lá três anos antes. Wyatt tem uma cena na qual ele se volta contra Heath, contra a mãe e contra a melhor amiga, e então ele diz coisas das quais ele imediatamente se arrepende, mas então as coisas já foram ditas e algo se rompeu. Para consertar o seu erro, Wyatt precisa, mais do que qualquer outra coisa, descobrir que quem estava se escondendo e quem estava “acomodado” era ele mesmo afinal.

Talvez aquele seja seu lar, talvez ele queira estar ali… talvez ele não devesse negar isso.

Me parece que a sequência final do filme é excessivamente acelerada – acaba dando a impressão de que a história é finalizada às pressas e que alguma coisa foi cortada ali. Eu também sinto falta do que chamamos de “grande gesto”, embora o “grande gesto” de Wyatt tenha sido encontrar uma maneira de salvar a fazenda da família e, de quebra, manter o seu emprego. Tenho certeza de que o Heath considerou um “grande gesto” o fato de o Wyatt estar caracterizado e assumindo o passeio de trenó no maior clima natalino naquele dia, então deve servir. Como eu disse: despretensioso, simples, nada de novo… ainda assim, foi bom ver Wyatt e Heath se apaixonando e descobrindo como eles fariam o romance deles funcionar… encontrando a felicidade juntos.

Amo o beijo dos dois no final, o clima bonito de tudo.

 

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