Encontro de Natal (The Christmas Setup, 2020)
Onde está o seu coração?
JÁ É UMA DAS
MINHAS COMÉDIAS ROMÂNTICAS NATALINAS FAVORITAS! Dirigido por Pat Mills e
protagonizado por Ben Lewis e Blake Lee, “Encontro
de Natal” é um delicioso filme natalino LGBTQIA+ lançado em 2020 e que me
conquistou inteiramente! Eu sou um grande fã de 1) filmes de Natal e todas
essas cores, essas canções, esse clima; e 2) comédias românticas tranquilas com
um romance gay bonito e despreocupado. Eu sinto que, por muito tempo, o cinema
LGBTQIA+ foi sempre associado a algo mais trágico e/ou melancólico, e me parece
uma grande vitória podermos nos ver em histórias “despretensiosas” que nos
representam como pessoas buscando o amor… às vezes um amor romântico quase
utópico, mas que foi guardado e reservado a casais héteros por muito tempo.
A história
de “Encontro de Natal” segue Hugo
Spencer de volta à sua cidade e à casa da mãe para celebrar as festas de fim de
ano, e a última coisa que ele diz antes de sair do escritório no início do
recesso é que ele quer ser considerado para a vaga de sócio ou “começará a
buscar outra coisa em janeiro” – voltar à sua cidade e reencontrar Patrick
Ryan, o “Sr. Popular” gatérrimo da época da escola e que já era assumidamente
gay desde então, no entanto, faz com que Hugo comece a repensar suas decisões e
a se questionar em relação ao futuro e onde ele quer estar… com a companhia de
Patrick, de sua melhor amiga Maddy e de sua mãe, Kate, Hugo vai ter que tomar
algumas decisões. Tudo no meio de muito romance, muita comédia e muita música e
decoração natalina.
O clima é
DELICIOSO, e as relações estabelecidas entre os personagens também, e eu acho
que esse é um ponto importantíssimo que ajuda o filme a funcionar tão bem! Hugo
é um protagonista simpático e carismático, por quem queremos torcer; Patrick é
absolutamente lindo, por dentro e por fora, um verdadeiro príncipe por quem é
quase impossível mesmo não se apaixonar; Maddy é um máximo, e a relação que ela
e Hugo construíram desde a faculdade funciona perfeitamente e é fundamental pra
o desenrolar do filme; Kate é hilária e uma das minhas personagens favoritas no
filme, com os seus planos para juntar os filhos com partidões; e mesmo Aiden, o
irmão de Hugo que é introduzido tardiamente no filme, também nos conquista em
pouco tempo.
Romance É,
como deveria mesmo ser, O PONTO ALTO DO FILME. E eu adoro o fato de ele ser
parcialmente “descomplicado” – ou de a complicação
vir exclusivamente por causa de trabalho. Embora a descoberta, a autoaceitação
e o preconceito sejam fatores importantes da vida de uma pessoa LGBTQIA+, nem
toda história da ficção com personagens da comunidade precisam girar em torno
disso, e “Encontro de Natal” se sai
muito bem nesse ponto, ao mesmo tempo em que traz representatividade e um
romance bonito entre dois homens. Patrick Ryan é assumido desde a época da
escola; Hugo Spencer só se assumiu mais tarde, mas o admirava por sua coragem
na escola, e quando eles se reencontram
agora, dá para perceber que, de alguma maneira, a admiração era mútua…
Um chamou a atenção do outro desde então.
Eles vão,
aos poucos, se conhecendo e se envolvendo – com alguma influência dos demais
personagens. O primeiro encontro – o meet
cute – deles acontece quando Patrick vai entregar uma árvore de natal na
casa da mãe de Hugo, e eu acho que ambos ficam meio desconcertados naquele momento… quer dizer, o Hugo estava visivelmente atrapalhado, mas o Patrick
esqueceu as luvas que precisava para trabalhar na casa, o que mostra alguma distração, não? É a desculpa perfeita
para Hugo ir atrás dele, acompanhado de Maddy, o que gera uma confusão breve
sobre Hugo e Maddy estarem juntos – e eu sabia
que o Patrick ia entender assim, porque eles realmente não se ajudam! Mas Kate
faz questão de resolver o mal-entendido rapidamente: “Gay. Straight. Single”.
A KATE É
MARAVILHOSA!
Kate gosta
de bancar o cupido… e ela vai armando situações para que Hugo e Patrick se
encontrem ou estejam juntos – a própria entrega da árvore foi uma delas –, e
assistir ao desenrolar desse romance é emocionante. Hugo ainda está meio preso
com toda a questão de que “ele vai embora em menos de duas semanas”, mas
Patrick quer “aproveitar o tempo que eles têm”, e eu gosto de como o Patrick é incisivo, determinado… isso faz com que
eu me apaixone um pouquinho mais por ele. Gosto de todos os momentos que eles
compartilham: as conversas sobre o tempo de escola e o que fizeram depois
disso; os convites para encontro; os dois olhando a aurora boreal juntos e se
beijando pela primeira vez; o encontro que Patrick prepara na loja para Hugo…
Parte da
trama do filme gira em torno de uma tradição natalina da cidade-natal de Hugo
que acontece na estação de trem e as crianças escrevem seus desejos ao Papai
Noel e entregam as cartas para que sejam levadas – algo decorado, cheio de
canções e de magia, que está ameaçado porque a estação clássica vai ser
demolida para a construção de algo novo… o que Hugo considera uma pena! Eles
não podem perder essa tradição tão bonita que atravessou gerações. E quando
Hugo e Patrick conseguem entrar no escritório do Sr. Carroll, o antigo dono da
estação e quem instituiu a tradição no início do Século XX, Hugo descobre duas
coisas nas coisas do Sr. Carroll: a primeira, que eles podem questionar a
permissão para demolir o lugar; a segunda, que o Sr. Carroll pode ter sido gay.
Eu acho que
isso tudo dá uma camada extra muito bonita ao filme… é como se, de alguma
maneira, além da história de amor de Hugo e Patrick, também tivéssemos um
vislumbre a respeito da história de amor de Carroll e do homem que ele amava –
o homem que está ao seu lado na foto na estação de trem, com o dedo encostando
no seu porque eles “não podiam” segurar a mão um do outro, e para quem o Sr.
Carroll criou essa tradição, porque “o Natal era o dia do ano favorito” do
homem que ele amava. Isso tudo vai aos poucos movendo Hugo, e tudo é
importantíssimo para ajudá-lo a tomar uma decisão quando o seu chefe liga
dizendo que pensou sobre o que ele falara e quer lhe dar essa promoção, mas
isso significa que ele terá que ir embora para Londres.
É realmente
isso o que ele quer?
As coisas
vêm à tona durante uma noite de jogos proposta por Kate (boas risadas e um
clima muito gostoso aqui!), quando Maddy acaba contando sem querer sobre a possível mudança de Hugo, e eu gosto de como
esse é o grande problema que o casal
principal de toda comédia romântica precisa enfrentar, mas como não foi trazido
nenhum ex de lugar nenhum ou nenhuma briga absurda: é apenas a vida e as escolhas que eles precisam fazer. Patrick entende
mais de Hugo e por que ele tem “se afastado” agora, e ele propõe que eles
aproveitem o tempo que eles têm juntos antes de Hugo ir embora, mas quando ele
vê Hugo cantando em uma festa, ele percebe que não pode fazer isso… que lhe dói demais e que vai só ficar pior
conforme eles se envolvem mais e mais.
Hugo precisa
pensar… e ele não vai ficar por causa
de Patrick. Ele vai ficar porque toda essa experiência natalina o fez pensar
sobre onde está o seu coração – a
própria Maddy fala sobre como ele não parece querer ir embora para Londres, e toda a história de “salvar a
Estação de Trem do Sr. Carroll” é algo em que ele acredita e pelo que ele quer
lutar… e eles vão precisar de um bom advogado para fazer isso. “Encontro de Natal” traz um belo
discurso de Hugo no evento tradicional da cidade, ao qual Patrick não consegue não comparecer, e então os dois se encontram novamente… é bonito, é
esperançoso, é romântico. EU FIQUEI COMPLETAMENTE APAIXONADO. E adoro o toque
especial de Hugo e Patrick de mãos dadas e, depois, se beijando na estação de
trem…
A mesma na
qual o Sr. Carroll não pôde beijar o homem que amava…
Agora, no
entanto, Hugo e Patrick podem. E são fotografados ali, no mesmo lugar.
FILME
LINDÍSSIMO!!!
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