Make the Yuletide Gay (2009)

“I'm gay! Nathan isn't my roommate. He's my boyfriend. He's my lover. He's my everything”

UM FELIZ NATAL BEM GAY PARA TODO MUNDO! Lançado no Festival Inside Out LGBT de Toronto, em 2009, “Make the Yuletide Gay” é um delicioso filme natalino sobre um jovem que é abertamente gay na faculdade, mas que ainda não se assumiu para a família – e talvez tenha que fazer isso, agora que ele voltou para casa para as festas de fim de ano e o seu namorado apareceu de surpresa depois de ser “dispensado” pelos próprios pais. Um filme profundamente divertido e emocionante, além de estar recheado de trocadilhos e diálogos de duplo sentido que funcionam muito bem (meus favoritos: “We’re coming!” “I wish!” e “Can you top that?” “Oh, I’d like to”). É uma experiência GAY e NATALINA daquelas que aquecem o nosso coração e nos fazem sorrir…

E, vez ou outra, refletir e se enxergar nos personagens.

Keith Jordan interpreta Olaf Gunnunderson (conhecido na faculdade como “Gunn”, por causa do seu sobrenome), um rapaz de 22 anos que vive com seu namorado no dormitório da faculdade e é abertamente gay… até ele voltar para a sua cidadezinha, onde ele muda o seu modo de se vestir e de falar, porque nunca contou para os pais sobre a sua sexualidade. Adamo Ruggiero, por sua vez, interpreta Nathan Stanford, o namorado de Gunn, um rapaz que vem de uma família rica, mas que não tem o carinho que ele espera e merece dos pais. E os dois acabam passando o Natal juntos sem planejar. Os dois se despedem quando chegam as férias da faculdade, e os caminhos se separam e voltam a se juntar quando Nathan é praticamente “desalojado” no Natal.

Para quê ficar sozinho se ele pode ir para a casa de Olaf, não?

Chegando à casa do namorado, no entanto, Nathan percebe que Olaf não se assumiu para os pais… o que ele nunca soube, até então, mas é só olhar para as suas roupas e para a maneira como ele o trata como se ele fosse apenas um amigo com quem ele divide um quarto na faculdade. Então, Nathan é forçadamente levado de volta “para dentro do armário”, o que é uma das coisas mais dolorosas e injustas que se pode fazer com uma pessoa LGBTQIA+, mas ganhamos momentos divertidos quando Anya, a mãe de Olaf, os coloca para dividir o mesmo quarto, com direito a todo um diálogo sobre quem “fica em cima” e quem “fica embaixo”, o que é sensacional! Ao menos eles estão perto um do outro… mas não com privacidade o suficiente para atender aos próprios desejos.

A cena dos dois pegando fogo e sendo interrompidos é cruel… mas hilária, de alguma forma!

A galeria de personagens de “Make the Yuletide Gay” é completada pela já mencionada Anya, a mãe de Olaf que tem uma risada exagerada, quase deslocada e, talvez por isso mesmo, muito divertida; Sven, o pai de Olaf que tem um apreço muito grande pela maconha, vive esquecendo as coisas e entrega alguns momentos icônicos do filme, como a maneira peculiar (e deliciosa? “Dude... your dad is hot!”) como ele atende à porta quando Nathan aparece de surpresa na casa dos Gunnunderson; e, é claro, Abby, a garota com quem Olaf namorara na época do colégio e que se torna, agora, uma grande amiga quando ela percebe que Olaf e Nathan são namorados e os três podem deixar as máscaras de lado quando estão juntos e compartilhar comentários sinceros…

O filme é uma grande comédia divertida, com um bom clima natalino, muitas situações absurdas e risadas certas, mas também tem a sua pincelada de drama bem construído. Em uma das cenas mais dramáticas do filme, que é o momento em que os protagonistas brigam e Nathan decide ir embora, muita coisa é dita… e eu gosto muito de como os dois personagens trazem facetas diferentes da realidade LGBTQIA+. Olaf fala sobre o medo que ele inerentemente sente de se assumir para os pais, ainda que eles pareçam pessoas incríveis que o amam incondicionalmente – ele já conheceu pessoas com pais incríveis que tiveram reações péssimas, e pessoas com pais que tinham tudo para ser um inferno que os acolheram… ele não sabe como eles reagirão, e isso o assusta.

Por outro lado, Nathan tampouco pode ser convidado a “retornar para o armário”, tudo aquilo é pesado demais para ele… e ele também não pode pedir que Olaf se assuma por sua causa, ele tem que fazer isso por ele mesmo. Nathan traz uma outra faceta igualmente dolorosa: embora ele tenha se assumido para os pais há muito tempo, eles nunca mais falam sobre esse assunto, e é quase como se nunca tivesse acontecido. Agora, Nathan se sente comumente como uma peça “à parte” de sua família, como quando os pais planejam um cruzeiro de Natal e não o convidam nem o avisam com antecedência, e duas falas dele expressam muito bem o que ele sente: a primeira quando ele diz que sente falta de como a mãe o tratava antes; a segunda quando diz que precisa falar sobre ele, sobre seu namorado, sobre sua vida…

Se a sua família não quiser ser uma família para ele, ele tem outra bem ali.

Eu gosto da coragem do filme, eu gosto de como “Make the Yuletide Gay” pode ser exagerado e absurdo em um momento e profundamente real em outro, e de como o equilíbrio é notável. É um filme gostoso, que faz bem, e que ainda conversa conosco, ainda toca em pontos sensíveis para a comunidade LGBTQIA+. Também gosto de como não é um filme exclusivamente sobre se apaixonar, porque Olaf e Nathan já começam o filme apaixonados e namorando – e, por isso, o filme tampouco cai em armadilhas como términos forçados que servem apenas para aumentar o drama para a grande conclusão… os “desencontros” são perfeitamente cabíveis para a relação deles e para a situação em que se encontram, e a maneira como eles resolvem isso também é muito boa.

O retorno de Nathan, levado por Sven, é muito bonitinho!

Por fim, Olaf decide que ele não pode ficar prolongando isso para sempre… que ele não pode passar o resto da vida sem contar a verdade sobre quem ele é para os pais, e em um momento intenso, no qual ele se deixa levar pela “raiva”, ele coloca tudo para fora de maneira abrupta e, ainda assim, romântica, e o filme brinca tanto com o Olaf quanto com o telespectador, nos deixando apreensivos pela reação de Anya e Sven… no fim, é um momento LINDÍSSIMO que valoriza e reforça o amor de Olaf e Nathan (os olhares, as declarações!), bem como entrega a Olaf tudo aquilo que qualquer pessoa LGBTQIA+ espera ouvir quando se assume para os pais: que eles o amam e que eles sempre o amarão. É possivelmente clichê, é verdade, mas é lindo, reconfortante e belo.

O tipo de filme natalino de que precisamos! Amei!

 

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Comentários

  1. Você pretende comentar sobre o filme "Te Pego lá Fora" de 1987?

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    1. Infelizmente ainda não tive tempo de rever para escrever sobre, mas pretendo sim.

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