Sítio do Picapau Amarelo (2007) – O Anjinho da Asa Quebrada: Parte Final

Despedida!

Terminar a temporada de 2007 do “Sítio do Picapau Amarelo” me deixa com uma sensação estranha… apesar das críticas ferrenhas que ela sofreu na época, mais por causa das mudanças abruptas do que qualquer outra coisa, eu digo com toda a convicção: essa é uma temporada MUITO BOA do “Sítio do Picapau Amarelo”. Tem um visual bonito, atuações carismáticas e boas histórias para contar, mesmo que “O Anjinho da Asa Quebrada” não seja exatamente a minha favorita (não quanto existe “O Adorável Abominável” e “Quem Quiser Que Conte Outra” na mesma temporada), e vai deixar saudade. Terminá-la sabendo que aquela despedida do Pedrinho é também uma despedida da série como um todo me deixou com lágrimas nos olhos e coração apertado.

Mas foi uma linda jornada até aqui!

Sempre comento que “O Anjinho da Asa Quebrada” não é a minha história favorita (inclusive, não é a minha história favorita em nenhuma versão do “Sítio do Picapau Amarelo”, mesmo que ela seja uma das histórias mais clássicas), mas ela tem uma última semana emocionante e bonita, que encerra bem tanto a história do anjinho Aleluia e da (ex?) assombração Romãozinho, quanto algumas tramas que fizeram parte da temporada como um todo… é o caso do Delegado Lupicínio José, por exemplo, que era o lobisomem do Arraial dos Tucanos, e que precisa ser salvo de sua maldição (enquanto é caçado pelo Bala de Prata), ou do Armando Argamandel, que se passou por “Barão de Tremembé” na tentativa de aplicar sucessivos golpes no pessoal do Arraial.

Mesmo antes dessa última semana, o Romãozinho já vinha se mostrando menos mau do que imaginávamos… ele realmente se importa com o Aleluia, ele se sente triste por ter sido abandonado pelos pais, e ele está com medo da Cuca e do Tutu Marambá, que o prenderam e o estão atormentando com pesadelos. Quando ele consegue escapar da gaiola na caverna da Cuca, por exemplo, ele não tenta se salvar sozinho, e fica para tentar ajudar o pessoal do Sítio – quando todos estão livres, no entanto, Emília e Pedrinho são veementemente contra permitir que o Romãozinho vá para o Sítio do Picapau Amarelo com eles, dizendo que “prometeram salvá-lo, não levar uma assombração para casa”. Narizinho é a única que não parece tão dura com o garoto.

Particularmente, apesar de todas as confusões que Romãozinho outrora causara, eu acredito nessa sua mudança depois de passar a se importar com o Aleluia… e é isso tudo o que ele quer: ele quer ir para o Sítio para ver o seu amigo. Quando ele fala sobre como sabe que errou e quer mudar, Narizinho é a única a lhe dar um voto de confiança, lembrando aos demais que ele estava preso com eles dentro da caverna da Cuca, não os abandonou e o Visconde, sempre movido pela razão, precisa reconhecer que ele de fato se portou como “um verdadeiro aliado”. Então, o Pedrinho dá o braço a torcer e aceita levar o Romãozinho de volta para o Sítio, mas ele e Emília resolvem “ficar de olho”, de uma maneira que não é nada legal, e eu acabo ficando com pena do Romãozinho.

Enquanto isso, o Saci é declarado “Rei das Coisas Feias”.

Um cargo do qual ele eventualmente abre mão… e nomeia Cuca e Tutu Marambá no seu lugar.

Dona Benta, por sua vez, está lidando com a ameaça de Cassandra: uma trambiqueira, antiga colega de Armando Argamandel, que aparece no Arraial dos Tucanos se dizendo prima do Barão de Tremembé e dona de todas aquelas terras. Enquanto o pessoal do Arraial parece acreditar nela, Dona Benta é mais inteligente que todo mundo – e é por isso que eu amo tanto a Dona Benta! Eu amo como ela mantém a tranquilidade e a plenitude conforme conversa com Cassandra, pedindo provas do que ela está dizendo, e fazendo a sua própria parte, mostrando as próprias provas de que as terras lhe pertencem… quando a “advogada” de Cassandra aparece com uma dita “prova incontestável”, por exemplo, Dona Benta segue totalmente inabalável, porque sabe que tem a razão.

Prevenida, Dona Benta tem os recibos de todos os impostos pagos nos 40 anos em que mora naquela propriedade, por exemplo, e quando a trambiqueira diz que “isso não prova nada”, Dona Benta responde que pode até não provar, mas certamente é o suficiente para ela dar entrada no pedido de usucapião – DONA BENTA É MESMO MARAVILHOSA DEMAIS! Amo a Cassandra se segurando para não surtar conforme percebe que enrolar a Dona Benta não vai ser tão fácil assim, e quando Dona Benta fala sobre “chamar um especialista”, Cassandra convoca o falso Barão de Tremembé, o Armando Argamandel, para ser seu “especialista de araque”… a questão, no entanto, é que o Barão não concorda tanto com a Cassandra, e foi acolhido e bem tratado por Dona Benta quando ficou sem casa.

Ele vai ter coragem de traí-la assim?

Quer dizer, o Anjinho disse que “ele pensa que é mau, mas não é”.

Cassandra ameaça desmascarar o Armando Argamandel na frente de todo mundo se ele não fizer o que ela está mandando, então ele acaba se disfarçando de especialista – seu último disfarce? Depois de analisar os documentos de Cassandra e de Dona Benta, no entanto, ele hesita em dar o veredito e, eventualmente, não tem coragem de trair Dona Benta. Ele chama a falsa advogada de Cassandra e revela sua identidade para todo mundo: que é o Barão e que, na verdade, nem Barão é… seu nome é Armando Argamandel e ele “é um profissional do trambique”. Cassandra foge, enquanto Armando conta também de seus demais disfarces e, embora tenha mentido por muito tempo para eles, ele acaba de livrá-los de um grande golpe de Cassandra.

Vale alguma coisa, não?

Logo depois, o tal do Conde de Tremembé aparece.

No Arraial, o perigoso Bala de Prata, caçador de lobisomens, está em busca do lobisomem da região, e Minerva e Dona Miúda convencem Lupicínio a “se esconder” – ele acaba na casa do Tio Barnabé, que sempre foi uma grande ajuda nessa história toda, mas o Bala de Prata também aparece no Sítio de Dona Benta quando fica sabendo de “todas as coisas estranhas que acontecem ali”. Pedrinho e Romãozinho ficam responsáveis por levar Bala de Prata para ver o Tio Barnabé, sem saber que o lobisomem de fato está na sua casa, e quando Tio Barnabé se mostra visivelmente desesperado com a possibilidade do caçador atirar no delegado transformado, o Romãozinho acaba interferindo e salvando a vida do lobisomem, impedindo Bala de Prata de atirar.

Mais uma boa ação da assombraçãozinha.

Emília se volta imediatamente contra o Romãozinho, diz que “não deviam ter confiado nele” e tudo o mais, mas o Tio Barnabé o defende, entendendo imediatamente o que ele fez, e diz que ele só fez isso quando percebeu o seu desespero… e Romãozinho explica que o Tio Barnabé foi bom com ele e o ajudou quando achou que ele era um menino perdido na floresta – e eu vou dizer: a cena é fofa. Depois, o Tio Barnabé explica para toda a cambadinha que ele estava tentando proteger o lobisomem porque o lobisomem é o delegado! Visconde percebe, então, que o Romãozinho acabou de salvar a vida do Delegado Lupicínio José e, portanto, se portou como um herói, o que deixa o Aleluia todo contente, porque “sabia que o amigo podia fazer o bem”.

Mesmo assim, Bala de Prata eventualmente atira no lobisomem.

A cena tem um pouquinho de drama, mas algo bem leve dentro do que essa temporada do “Sítio do Picapau Amarelo” permite – Tio Barnabé diz que pode arrumar umas ervas e fazer curativos, mas talvez Minerva e Miúda devam se preparar para o pior. O delegado se despede delas e de Xing Ling, mas talvez ele não precise se despedir… afinal de contas, eles têm um anjo ao lado deles agora! Narizinho e Emília pedem que o Aleluia o salve e ele o faz, permitindo que todos respirem aliviados… O DELEGADO ESTÁ BEM. E pronto para se casar com Minerva, para o total desgosto de Dona Miúda, que não aceita o casamento nem mesmo no dia do casamento, invadindo a igreja e querendo impedir o filho de se casar, causando um pouquinho de confusão… antes, durante e depois do casamento.

Depois de salvar a vida do delegado, o anjinho precisa se despedir. São Jorge aparece no Sítio do Picapau Amarelo para buscá-lo, dizendo que a Autoridade Superior o designou para uma nova missão: ele será o anjo da guarda do pessoal do Sítio. Triste, Romãozinho diz que não vai mais ter o seu amigo, e se pergunta o que ele vai fazer, agora que não é mais assombração e não pode ser menino normal, mas o Aleluia resolve isso, contando a respeito de suas boas ações para o São Jorge… então, São Jorge tem um convite inusitado para o Romãozinho, que o deixa profundamente feliz: ele quer entrar para a escola de anjos? Eu vou dizer que EU ACHEI ISSO MUITO FOFINHO! É bom ver o Romãozinho feliz, e então São Jorge se despede e leva Aleluia e Romãozinho com ele.

Não é apenas a despedida do Anjinho da Asa Quebrada que marca esse final… com o fim das férias, Pedrinho também se despede da avó, da prima e dos amigos, com tristeza, e a sua fala para cada um deles é lindíssima – e aqueles olhinhos de todos eles cheios de lágrimas mexem muito comigo, porque não é algo puramente da atuação, não é algo que apenas os personagens estão sentindo… também são os atores se despedindo daquele universo depois de passarem um ano trabalhando juntos. E, por isso, eu acabo chorando junto com eles, porque toda a emoção é real e palpável. Confesso que aquele “Tchau, gente. Até o ano que vem!” me doeu demais, e eu me despeço do “Sítio do Picapau Amarelo” com a sensação de que EU QUERIA MAIS. Foi uma linda jornada!

 

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Comentários

  1. Sempre adorei as suas análises sobre o sítio do picapau amarelo 💛💛, acompanho desde o início e agora com o post sobre o último episódio fica aquela sensação de saudade e tristeza com o fim de uma etapa .... Mas gostaria que você continuasse com as análises sobre o sítio antigo fazendo favor, imagino que tenha episódios que você ainda não falou aqui no site e que foram reprisados no viva , como O Curupira 1979 , que é um dos melhores episódios que eu já vi nessa versão e queria ver a sua análise sobre ele 🤞🏻🍀

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    1. Em primeiro lugar, que comentário lindo! Muito obrigado, de verdade!!! Eu ainda não estou com mais nenhum texto pronto das adaptações live-action do "Sítio do Picapau Amarelo", mas eu pretendo, sim, comentar outras histórias da versão de 1977-1986, e vou dar prioridade a "O Curupira", de 1979, agora que você comentou! Vou tentar começar a assistir essa história na semana que vem, preparar os textos, as fotos, para que a primeira segunda-feira de 2025 tenha o primeiro texto de "O Curupira", pode ser?

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    2. Ok pode ser sim , obrigado pelo retorno e aguardando ansiosamente

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