[Season Finale] The White Lotus 3x08 – Amor Fati
Reviravoltas
e conclusões.
Diferente da
segunda temporada, essa terceira temporada de “The White Lotus” não é um consenso, mas vou dar minha mais sincera
opinião e dizer: EU ACHEI INCRÍVEL! Sinto que a história do White Lotus da
Sicília segue sendo, sim, minha favorita, mas essa temporada na Tailândia
trouxe vários personagens interessantes, um episódio que figura dentre os
melhores episódios de todas as temporadas,
a meu ver, e, agora, um Season Finale de tirar o fôlego, com algumas
reviravoltas legais, um pouco de enganação e desespero e finais que vão dos
mais satisfatórios – Belinda tem exatamente o final que eu esperava que ela
tivesse, por exemplo – aos mais injustos – fiquei muito triste por Chelsea.
Exibido em 06 de abril de 2025, “Amor
Fati” é uma bela conclusão dessa temporada.
Preciso
dizer, no entanto, que o trio de amigas poderia ter entregado mais do que
entregou, e no fundo todo mundo esperava que entregaria… mas não vou negar que
é uma reviravolta um tanto irônica chegar ao final para descobrir que, ao invés
de “secretamente se odiarem”, talvez elas se amem de verdade, de alguma maneira
– talvez elas descubram isso ali,
naquela semana no White Lotus da Tailândia, e elas compartilham uma cena
interessante nesse episódio, depois de a amizade que parecia de fachada quase
ruir, quando Laurie puxa um discurso FENOMENAL que é repleto de sinceridade, daquelas
que pessoas como Laurie, Kate e Jaclyn normalmente gostam de ocultar… e é
naquele momento de sinceridade e vulnerabilidade que elas se “reencontram”.
Gosto demais
do que aconteceu com Saxon e com Piper nessa temporada… é, talvez, o mais
irônico, se pararmos para pensar. Saxon segue incomodado com o que acontecera
entre ele e Lochlan quando eles estavam drogados, e manda o irmão “parar de
idolatrá-lo dessa maneira”, mas
percebemos que Saxon talvez tenha sido o membro da família Ratliff a mais
pensar e mudar nos seus dias ali… não
espero nada muito drástico nem que ele seja uma pessoa incrível de agora em
diante nem nada, mas o fato de Saxon estar lendo
é uma diferente sutil, mas notável, por exemplo. Você percebe a mudança na
expressão, nos assuntos que ele tem, e a conversa breve que ele tem com
Chelsea, que foi quem lhe indicou o livro que ele está lendo, é uma cena muito
boa!
Piper, por
sua vez, entrega aquela cena maravilhosa no café da manhã depois de sua noite
no templo budista no qual supostamente queria passar um ano de sua vida…
inicialmente, ela não quer falar sobre como
foi, mas ela desabafa no café sobre como ela percebeu que talvez ela seja
mesmo uma garota mimada. É muito
sagaz como o “plano” de Victoria funciona perfeitamente: ela conhece a filha mais do que a própria filha se conhece, porque era
tudo de fachada, era tudo uma encenação. A máscara de Piper caindo enquanto
ela fala sobre a comida sem graça ou sobre o quarto pequeno e sem ar
condicionado enquanto chora se sentindo “culpada” é um resumo PERFEITO do que é
“The White Lotus”, e eu não consigo
não amar essa temporada por escancarar isso.
Destaque,
também, para a expressão de Tim Ratliff assistindo a isso tudo, porque Piper
era a pessoa da família com quem ele não
estava se preocupando na história toda de eles terem ficado pobre e tudo o mais
e agora, assim como a esposa, ela fala sobre como não poderia viver sem o que
eles têm… a família, de um modo geral, não sabe viver com menos do que eles
sempre tiveram. Então, Tim se volta para o último membro da família que ele
ainda não sondou: Lochlan. E Lochlan é o único que talvez conseguisse viver sem isso tudo, porque ele pareceu sincero
sobre querer ficar no templo (não sabemos se isso se manteria a longo prazo), e
é por isso que Tim o exclui do plano que ele tem, e que parte da semente
venenosa do fruto da “Árvore do Suicídio”, do lado de fora do quarto deles.
Durante
muito tempo dessa temporada, Tim ficou pensando em como seria a sua vida ao
deixar o White Lotus da Tailândia… como seria retornar para a sua vida e para a
realidade de que eles estavam pobres e ele poderia ser preso, e mais de uma vez
ele pensou em tirar a sua vida e a de outros membros da família – e, aqui, ele
tenta colocar isso em prática ao colocar sementes venenosas da árvore do lado
de fora dentro do liquidificador e deixar tudo pronto para preparar piñas coladas para ele, para a esposa e
para dois dos seus filhos… não para Lochlan. Depois de um discurso e de um
brinde, no entanto, Tim não tem coragem de seguir em frente, joga um dos copos
no chão e recolhe os demais, jogando o conteúdo deles ralo abaixo, porque
desistiu do plano…
Mas ainda tem um resto de veneno no
liquidificador.
Enquanto
isso, Zion tenta convencer a mãe de que ela precisa aceitar o dinheiro que Gary
ofereceu para ela para que ela ficasse quieta sobre a morte de Tanya… e eu já
disse isso outra vez: eu acho que o Zion
está certo. Não há muito mais que se possa fazer agora, e não aceitar o
dinheiro oferecido pode ser um indício de que Belinda não pretende ficar
quieta, e isso a coloca em perigo. Por que não aproveitar? Ela sempre quis
abrir um spa mesmo! Para isso, no entanto, ela precisará de mais do que apenas
100 mil dólares, e Zion decide que ele mesmo vai negociar com Gary, o que nos
entrega uma das minhas cenas favoritas desse episódio final, na qual ele pede cinco milhões de dólares, e Zion tem os
melhores argumentos possíveis para fazer com que Gary considere…
Afinal de contas, é apenas uma fração
pequena do dinheiro de Tanya do qual se apossou!
Gosto de
como Belinda acaba entrando no jogo… morrendo de medo, é verdade, mas ela entra
no jogo. Ela se levanta e leva Zion com ela dizendo que não vai aceitar
dinheiro, e aquele podia ser o movimento certeiro ou a sua sentença de morte…
felizmente, ela consegue o que quer, porque é parte do plano e Zion retorna
para conversar com Gary e tentar fechar o negócio. É TÃO BOM ver o dinheiro
entrando na conta no dia seguinte, embora eu tenha ficado apreensivo até o
último segundo, quando vemos Belinda e Zion saindo da ilha felizes, ricos e em
segurança! Destaque para a cena em que Belinda conta a Pornchai que está indo
embora e que não vão mais abrir um negócio juntos, porque é uma “recriação”
perversamente irônica da cena de Tanya indo embora e a abandonando na primeira
temporada.
Sério, MUITO
BOM!
Rick, por
sua vez, retorna da sua viagem a Bangkok quase como uma nova pessoa – e isso
torna o que acontece depois ainda mais triste e cruel. Quando ele retorna ao
White Lotus, o rosto de Chelsea se ilumina ao ver que ele está de volta, e
então ela corre até ele no que poderia ter sido um recomeço perfeito, porque é
como se Rick estivesse “livre” da carga que ele sempre carregou… com a
possibilidade de ser feliz pela primeira vez na vida. Isso é evidenciado em um
diálogo muito bom no qual Chelsea fala sobre eles “ficarem juntos para sempre”
e ele responde dizendo que “esse é o plano”, o que a deixa tão emocionada e tão
feliz que é lindo… mas daí Khun Jim chega ao White Lotus com Sritala, e tudo o
que Rick tinha conquistado para si mesmo vai embora.
Khun Jim se
aproxima de Rick em seu último dia no hotel para falar mal de sua mãe e para
dizer que ela mentiu sobre seu pai, que ele “não era nenhum santo” e “ele não
perdeu nada em não conhecê-lo”, e isso atormenta Rick, o trazendo de nova a
quem ele era, a quem por pouco tempo ele deixou de ser, e percebemos o efeito
disso sobre Chelsea, que pede, que implora,
para que ele não faça nada estúpido… mas é o que ele faz. Rick até tenta
procurar ajuda, mas a pessoa em quem ele confia está atendendo o Zion nesse
momento (a cena que abriu a temporada!), e então ele está ali, vendo Khun Jim
se aproximar, e ele age por impulso… ele vai e pega a arma que ele sabia que
Jim trazia consigo, porque ele o ameaçara antes com ela, e atira sem pensar no
que está fazendo.
Naquele momento,
não planejado, ele fez o que tantas vezes pensara em fazer.
E, então,
começa o CAOS. O caos que ouvimos no
primeiro episódio da temporada do ponto de vista de Zion, sem saber o que
estava acontecendo… as coisas escalam muito depressa para Rick, porque ele diz
a Sritala que “Jim matou o seu pai” e
ela diz que ele era o pai de Rick,
que ele contara para ela antes: não chega a ser uma grande surpresa para o
espectador, mas é uma grande surpresa para Rick que o pega desprevenido…
irônico como, no fim das contas, foi ele quem matou o próprio pai ao matar o
homem que passou a vida inteira odiando por ter supostamente feito o mesmo. E
no meio da troca de tiros de Rick com os seguranças de Sritala, Chelsea também
é atingida… é triste, mas é uma representação perfeita da relação deles: ela sempre esteve ali por ele.
Fiquei muito
triste com a morte de Chelsea… narrativamente, no entanto, é impecável.
É impossível
Rick se reerguer depois disso. Ele
matou o próprio pai, que era um ser desprezível, no fim das contas, e perdeu a
única pessoa que o amava e estava sempre ali por ele. Ele a segura nos braços,
pede desculpas e diz que “eles vão ficar juntos para sempre, como ela disse que
ficariam”, e enquanto ele caminha rumo ao desconhecido, talvez pensando em
tirar a própria vida, Sritala grita com Gaitok mandando ele atirar em Rick, e
esse é o teste de fogo de Gaitok: ele tem
um instinto assassino, no fim das contas, ou não? O que vale mais para ele:
manter-se fiel a quem ele é ou subir na vida? Ele atira em Rick. Para Rick,
talvez tenha sido uma libertação, enfim. Para Gaitok, representa a oportunidade
com a qual ele sempre sonhou… a que custo, não sabemos.
Por fim,
comento ainda sobre Lochlan. Na manhã seguinte à noite da piña colada, Lochlan encontra o resto da bebida no liquidificador
ainda sujo e então faz um dos shakes que o Saxon sempre queria que ele tomasse
– e, como espectador, eu estava esperando por isso desde o momento em que a
câmera focou no resto das sementes no fundo do liquidificador. Mesmo sabendo
que isso viria, foi angustiante
assistir ao Lochlan bebendo sozinho e “escondido” ao conteúdo do
liquidificador, sem saber de nada, e depois passando mal ao lado da piscina,
vomitando, desmaiando e morrendo… ou
achamos que ele estava morrendo. A visão interna dele, com a morte representada
por ele se afogando, o momento em que o Tim acorda, vê o liquidificador e corre
pra fora…
Tudo aqui é
DE TIRAR O FÔLEGO.
Senti toda a
dor de Tim no momento em que ele segura o filho nos braços e percebe o que fez.
Afinal de contas, não foi ele quem deu as sementes para o Lochlan e ele
conseguiu impedir que os outros a quem ele de
fato deu as sementes morressem, no fim das contas, mas a culpa não deixa de
ser dele. Um daqueles momentos perversamente irônicos, e eu fiquei desesperado
com ele, porque tampouco queria que o Lochlan morresse… e ficamos muito tempo acreditando de fato nessa morte, a ponto
de, quando ele desperta, eu me perguntar se aquilo era real ou não, até
perceber que era. De alguma maneira, Lochlan se salvou: a semente diluída na
piña colada da noite anterior e no shake daquele dia, o fato de ele ter
vomitado uma parte do veneno antes de desmaiar…
Ele acorda,
ele está bem. Quer dizer, “bem” eu não sei. Mas vivo.
Tivemos boas
histórias sendo contadas, “The White Lotus”
se mantém fiel ao seu conceito e “Amor
Fati” encerra muito bem as tramas apresentadas aqui. Jaclyn, Kate e Laurie
estão curiosamente mais unidas do que nunca depois do arrombo de sinceridade e
o medo da morte quando começou o tiroteio ao lado delas; os Ratliff estão
retornando sabendo muito mais sobre quem eles são, prestes a enfrentar um
desafio gigantesco, e só podemos imaginar como cada um vai lidar com as
descobertas que estão à frente; Chloe segue a mesma vida que sempre vivera;
Chelsea teve um final trágico e injusto, mas que ajuda a encerrar a trama de
Rick de uma maneira melancolicamente poética; e Belinda felizmente se dá bem, depois de tudo, como ela sempre mereceu.
Gostei
bastante!
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